Páginas

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

AS MULTIFACES DO ROMANTISMO

TEMA DA PROPOSTA


            As multifaces do Romantismo Brasileiro

 

2 OBJETIVOS


·      Conhecer e relacionar as características das obras românticas ao contexto histórico de sua produção;
·      Reconhecer nas obras estudadas o índio (Gonçalves Dias) e o negro (Castro Alves) na sua concepção nativa, bem como perceber a sua importância acerca da formação da consciência nacional a partir da valorização;
·      Posicionar-se acerca de valores, ideologias e propostas estéticas representadas nas obras literárias românticas;
·      Analisar representações da vida social brasileira;
·      Integrar as mídias e tecnologias na construção do conhecimento;


3 JUSTIFICATIVA


Vivemos em uma sociedade plural e democrática, sendo assim precisamos respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. O estudo da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena pretende sanar esta lacuna nos sistemas educacionais brasileiros. A Lei 11.645 incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática que vem sendo trabalhada desde o “Dia Internacional de luta pela eliminação da Discriminação racial”, sendo assim buscando desenvolver um projeto embasado na realidade da escola onde o mesmo será aplicado escolheu-se como temática “As multifaces do Romantismo”, visando trabalhar o índio e o negro na visão de Gonçalves Dias e Castro Alves, bem como todo o período histórico e as características românticas.
Todos os nossos passos no campo docente visam a busca pelo conhecimento de acordo com Moran (2007, p.8):

Conhecimento é o processo de percepção, decodificação, compreensão e incorporação de algumas informações, que se tornam significativas para cada um de nós. O que é conhecer? Conhecer é relacionar, integrar, contextualizar, fazer nosso o que vem de fora. Conhecer é saber, é desvendar, é ir além da superfície, do previsível, da exterioridade. Conhecer é aprofundar os níveis de descoberta, é penetrar mais fundo nas coisas, na realidade, no nosso interior. Sabedoria é o conhecimento percebido dentro de um contexto ético, o conhecimento de quem assume a honestidade intelectual, emocional e de comportamento como atitude fundamental. É um conhecimento que transforma, não só que se acumula. Conhecer é conseguir chegar ao nível da sabedoria, da integração total, da percepção da grande síntese, que se consegue ao comunicar-se com uma nova visão do mundo, das pessoas e com o mergulho profundo no nosso eu.

A incorporação do uso das tecnologias e mídias que são partes essenciais para essa busca constante já que “a motivação dos alunos aumenta significativamente quando realizam pesquisas, onde se possam expressar em formato e códigos mais próximos da sua sensibilidade” (MORAN, 2005), ou seja, ao utilizar esses recursos o aluno observa a sua aprendizagem sob uma nova perspectiva tornando-se partícipe ativo no processo da busca pelo conhecimento.
Segundo Paulo Freire (2005), a educação por si não transforma o mundo, no entanto ela pode modificar pessoas, e por conseqüências essas transformam o mundo. Os educandos e educadores necessitam estar integrados as novas tecnologias de comunicação de modo eficiente e crítico.
Para Moran (2001), ensinar e aprender são desafios que se apresentam a nós em todas as épocas e principalmente agora em que estamos vivendo em plena era da informação onde a mídia e a internet ocupam um espaço significativo na sociedade.

 


4 PÚBLICO A SER ENVOLVIDO


            O público envolvido no projeto será a turma do 2º Ano do Ensino Médio do turno da manhã, a mesma é composta por 34 alunos. A turma é heterogênea, muitos alunos residem no interior do município.


5 MÍDIAS E TECNOLOGIAS A SEREM UTILIZADAS


TV e DVD;
Datashow;
Computador e Internet;
Aparelho de som;
Imagens;


6 PROPOSTA PRELIMINAR DAS ETAPAS/AÇÕES A SEREM REALIZADAS


            Primeira etapa: Ouvir a música “Romantismo” de Roginei Paiva da Silva e Juninho Carvalho; Através da música elencar as características e as gerações românticas, bem como seus autores;



Romantismo
(Letra: Roginei Paiva da Silva e Música: Juninho Carvalho)
Excesso de sofrimento
Mulher fenomenal
O herói sempre presente
Romantismo é legal
A morte serve de fuga
Se renuncio a viver
A natureza é cúmplice
Por amor posso morrer
Poeta romântico espelha
Excesso do "eu" nos poemas
Criando com liberdade
Romantismo em vários temas
Três gerações encontramos
Na poesia do Romantismo
Nacionalista; Ultra-Romântica
Por fim o condoreirismo
Gonçalves Dias retrata
O índio e nacionalismo
"Minha terra tem palmeiras...."
Nunca me esqueço disso
Refrão
Álvares de Azevedo é sofrido
A morte ele procurou
Levado pelo mal-do-século
"Foi poeta - sonhou - e amou"
Castro Alves é condoreiro,
Sua poesia é social
Dos escravos revela dramas
Descreve a mulher sensual
Navio Negreiro é sua marca
De eloqüência e vibração
Espumas Flutuantes cultiva
Mulher, natureza e nação

Refrão
A Moreninha é um romance
De aspecto urbano
Do conhecido Macedo
Que açucara o cotidiano
A virgem dos lábios de mel
É a Iracema de Alencar
Deflorada por Martim
América vem simbolizar
Do Manuel de Almeida,
No Sargento de Milícias
Leonardo é o primeiro anti-herói
E se enrola com a polícia




            Segunda Etapa: Buscar complemento sobre características, as gerações e os autores do Romantismo em Pesquisa na Internet para produção de paródia;
Sites: http://educacao.uol.com.br/literatura e http://pt.wikipedia.org/wiki/Romantismo;

            Terceira etapa: Ilustração do contexto histórico; O Romantismo teve seu início com a Obra “Suspiros poéticos e saudade” de Gonçalves de Magalhães, publicado em 1836.
 “Independência ou morte[1]” de Pedro Américo (1888)
            A pintura recebe do artista um tratamento épico, próprio da tradição romântica, buscando contribuir para a criação de uma consciência nacional.

“A abolição da escravatura”[2]  quadro de Auguste François Biard (1798-1882).

            Quarta etapa:  Abordando a primeira fase romântica os alunos pesquisarão sobre a biografia de Gonçalves Dias[3](sugestão de site, mas podem pesquisar em outros), nosso maior indianista romântico, que possuía sangue indígena (filho de uma guajajara com um português).  Em grupos os alunos efetuaram a leitura dos poemas O Canto do Guerreiro[4]”,  “Canção do Tamoio” e “I Juca Pirama”; em seguida apresentaram (cartaz, Datashow, quadro, etc...) as interpretações feitas acerca do índio observando os seguintes pontos:
a) Como o índio é retratado no texto de Gonçalves Dias?
b) Que elementos reforçam a imagem do índio como bravo, bom, belo, honrado, além de apresentar seus costumes e crenças?
c) Essa imagem está de acordo com aqueles pressupostos românticos vistos nas aulas?
d) Como são as características desse indígena heróico?

            Sexta etapa: Poema “Canção do Tamoio” e atividades


Canção do Tamoio (Natalícia)
I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.


            Questões:
1-(UFSM- RS) Considere os verbos da segunda estrofe da Canção do Tamoio. de Gonçalves Dias. Conforme esses versos:
a) quem erra o alvo precisa fugir da caca.
b) os índios estão em guerra contra os tapuias
c) a covardia é o único sentimento a ser temido pelos fortes
d) quem não tem boa pontaria é excluído do grupo de guerreiros
e) o bom índio se conhece pela qualidade do seu arco.

2- Como foi dito, esse poema é uma exortação feita por um índio a seu filho recém- nascido. Identifique, na quarta estrofe, todos os verbos no imperativo. Relacione o emprego desse modo verbal com o termo exortação.

3-Observe:
a) "D'imigos transidos" (6 estrofe)
b)"... gente inimiga" (7 estrofe)
c)"Do imigo falaz" (8 estrofe)
Por que o poeta utiliza ora imigo

4- Todos os versos do poema têm cinco sílabas poéticas e cada estrofe tem oito versos. Que importância tem essa informação para se entender o titulo do poema?

5- "Tamoio nasceste,/ Valente serás."
a) Que conjunção fica subentendida entre os dois versos?
b) A relação que o eu-lírico estabelece entre os dois fatos é lógica ou subjetiva?

6- Como a cantiga medieval, a canção romântica também tem refrão. Identifique o refrão no poema de Gonçalves Dias.

7- Qual a característica romântica predominante no poema?

            Sétima etapa: Abordando a fase condoreira, pesquisar a biografia de Castro Alves[5] (sugestão); Após os alunos efetuarão a leitura de alguns poemas e buscaram explicitar as visões do negro nas obras românticas; A partir dos textos e buscas de imagens alusivas a época “O gondoleiro do Amor - Dama Negra”, “Lúcia” e “Maria”. Os alunos deverão apontar as características relacionadas à mulher negra e como isso se revela no poema.
            Castro Alves em alguns poemas abolicionistas expressa um sentimento de desejo de libertação e de saudade da terra natal, bem como mostra o escravo como herói, corajoso, nobre e honrado, em contraste com a injustiça da sua condição de escravizado e oprimido. Os alunos em grupo deverão localizar os poemas que abordam esta temática efetuando sua interpretação (Sugestões: “A canção do africano”, Vozes d’África”, “Sangue de Africano”, “ A mãe do cativo”, “A criança” e “Navio Negreiro”);

            Oitava etapa: Análise do poema “Navio Negreiro”
Navio Negreiro
Tragédia no mar
VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Atividades:
1- Identifique, nos dois primeiros versos: o povo, a infância e a covardia.

2- Nos dois últimos versos da primeira estrofe, eu-lírico faz uma pergunta cuja resposta ele já conhece. Qual é, então, a finalidade da pergunta?

3- A Musa a que o poeta se refere é a própria poesia. Por que motivo a poesia haveria de chorar?

4- Releia a segunda estrofe.
a) Que paradoxo o eu-lírico aponta na situação que presencia?
b) Que destino o eu-lírico consideraria mais digno para a bandeira brasileira?

5- Nos três versos finais da terceira estrofe, o poeta expressa um desejo. Qual?

6- No fragmento lido há catorze pontos de exclamação. Que conclusão se pode tirar desse fato?

            Nona etapa: Como finalização do projeto os alunos buscarão imagens, textos, vídeos e curiosidades históricas sobre os escravos e índios e depois apresentaram um seminário (utilização de todo e qualquer recurso tecnológico e midiático) efetuando um paralelo do Romantismo e da atualidade acerca da temática abordada.


7 PERÍODO DE REALIZAÇÃO


            O período de realização do projeto dar-se-á em sete aulas de 50 minutos.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.


MORAN, José Manuel. MASETTO Marcos T., BEHRNS Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2001.


______. Desafios da televisão e do vídeo à escola In ALMEIDA, Maria Elizabeth & MORAN, José Manuel (org.). Integração das Tecnologias na Educação. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005.


______. Desafios na comunicação pessoal; gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.









[1] http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u25.jhtm
[2] http://wapedia.mobi/pt/Abolicionismo
[4] http://www.jornaldepoesia.jor.br/gdias01.html
[5] http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u199.jhtm

4 comentários:

  1. Muito interessante e importante esta proposta de trabalho na área da Literatura. Para alguns alunos é difícil um comprometimento maior com a Literatura de um modo geral, porque não gostam muito de ler. Esta proposta é bem motivadora e com certeza um bom trabalho pode ser realizado.

    ResponderExcluir
  2. Adorei seu blog abordando a Literatura, e apesar de ser prof. de história sempre gostei desta área. Sua proposta esta bastante interessante e acredito que a Literatura em conjunto com a história podem desenvolver um trabalho bastante complexo. Gostei das imagens que utilizastes.

    ResponderExcluir
  3. Olá colega!
    Está bem legal seu blog de literatura, criativo e diferenciado. Gosto muito de conhecer o trabalho de outros colegas.
    Parabéns!
    Simoni Grams Bergamin

    ResponderExcluir